Por Kate Abnet
Bruxelas: A Comissão Europeia pretende propor uma proibição do uso de PFAS, ou “produtos químicos para sempre”, em produtos de consumo, com isenções para usos industriais essenciais, disse o chefe de meio ambiente da UE à Reuters.
PFAS, ou Substâncias Perfluoroalquil e Polifluoroalquil, não se decompõem no meio ambiente, levantando preocupações sobre as consequências de sua acumulação nos ecossistemas, na água potável e no corpo humano.
São utilizados em milhares de itens, desde cosméticos e panelas antiaderentes até aeronaves e turbinas eólicas, devido à sua resistência a temperaturas extremas e à corrosão.
“O que sabemos que procuramos é uma proibição de produtos de consumo”, disse a comissária europeia do Ambiente, Jessika Roswall, à Reuters numa entrevista.
“Isso é algo importante para nós, seres humanos, é claro, mas também para o meio ambiente, mas acho que também para a indústria, para que saibam como podem eliminar gradualmente o PFAS.”
DOIS ANOS ATRÁS
Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega e Suécia apoiaram uma proibição ampla do PFAS há quase dois anos, mas Roswall disse que a proposta da UE não deverá ser aprovada antes do próximo ano, uma vez que isenções “essenciais” são determinadas.
Os inaladores para asma e os semicondutores utilizados em tecnologias verdes, como os veículos eléctricos, são alguns dos potenciais usos “essenciais”, observou ela, embora estes também enfrentem restrições, incluindo a forma como são eliminados.
As aplicações industriais, como a produção de plásticos e eletrônicos, são responsáveis pela maior parte do uso de PFAS, de acordo com dados das agências químicas dos países nórdicos.
O trabalho da Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) para avaliar o âmbito da proibição suscitou milhares de comentários, entre outros, de associações comerciais que representam os setores automóvel, das energias limpas e dos plásticos, que procuram isenções como a procurada para fluoropolímeros, um PFAS utilizado em tudo, desde roupas impermeáveis até células solares fotovoltaicas.
LITÍGIO SOBRE PFAS
A investigação que liga a exposição aos PFAS a problemas de saúde – incluindo danos no fígado, peso inferior à nascença e cancro testicular – está a aumentar os riscos de litígio para as empresas, afirmaram analistas da Jefferies numa nota este mês.
Os processos judiciais nos EUA renderam acordos no valor de mais de 11 mil milhões de dólares envolvendo empresas como a 3M e a Chemours Co por contaminação da água.
As empresas na Europa poderão enfrentar uma “onda” de litígios sobre a poluição ou a minimização dos seus danos ambientais e à saúde, disse Helene Duguy, advogada do escritório de advocacia ambiental ClientEarth.
“A ClientEarth está monitorando de perto a conduta das empresas em relação ao PFAS e não se esquivará de agir”, disse Duguy à Reuters. (Reportagem de Kate Abnett em Bruxelas; reportagem adicional de Ludwig Burger em Frankfurt; edição de Jason Neely)