SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) – O Supremo Tribunal do Brasil suspendeu nesta quinta-feira uma lei no principal estado produtor de soja do país que tributava empresas depois que o país concordou em não comprar soja de áreas desmatadas da floresta amazônica.

O ministro Flavio Dino suspendeu a lei do oeste do estado de Mato Grosso a partir de 1º de janeiro enquanto se aguarda uma decisão final do tribunal.

Por que isso é importante?

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja, e Mato Grosso é o estado que mais produz.

O acordo “Moratória da Soja da Amazônia”, aclamado por cientistas e conservacionistas, foi assinado voluntariamente por gigantes globais de commodities em meados da década de 2000, que retirou a soja das fazendas em florestas tropicais desmatadas após 2008. Prometeu parar de comprar.

De acordo com as regulamentações florestais brasileiras, os proprietários de terras na Amazônia podem desmatar até 20% de suas propriedades. Mas um aumento na desflorestação no início da década de 2000 levou a apelos à acção por parte de empresas que temiam uma proibição generalizada.

Referências principais

Dino escreveu que a lei estadual “parece violar o princípio da livre iniciativa” porque cria condições desiguais para as empresas que decidem cumprir voluntariamente o acordo.

Ele disse ainda que a lei “apresenta indícios de abuso de dolo, pois utiliza regras tributárias como forma de punição”.

responder

Mato Grosso vai recorrer da decisão, disse o governador Mauro Mendes em vídeo postado em suas contas nas redes sociais na quinta-feira.

Ele disse que caso o recurso não seja aceito, novas providências serão tomadas.

“Não podemos aceitar que empresas, nacionais ou estrangeiras, venham ao Brasil e façam exigências que não estão na legislação brasileira”, disse.

Contexto adicional

No início deste mês, o lobby agrícola da soja Aprosoja-MT, com sede em Mato Grosso, pediu formalmente ao órgão fiscalizador do Brasil, CADE, que acabasse com a moratória, dizendo que encorajava “um cartel de compradores” e prejudicava os agricultores que seguem estritamente o código florestal do país sul-americano.

(Reportagem de Lisandra Paraguasu em Brasília; reportagem e redação adicionais de Andre Romani em São Paulo; edição de Leslie Adler)

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