Após décadas de indecisão, o governo português definiu o local para um novo aeroporto em Lisboa, que substituirá o atual Aeroporto Internacional Humberto Delgado (LIS) e atenderá à crescente economia turística de Portugal.
O local escolhido é um campo de aviação militar em Alcochete, cerca de 40 quilômetros a leste de Lisboa. Essa área foi proposta como uma alternativa para a capital há cinco décadas. Recentemente, uma comissão técnica independente selecionou Alcochete em detrimento de outros locais, incluindo Vendas Novas, devido à sua proximidade com a cidade, melhores ligações de transporte e uso de terras públicas.
A comissão optou por um único aeroporto em uma área de baixa densidade populacional, em vez de dois aeroportos, para minimizar o impacto ambiental, incluindo a poluição sonora para os residentes.
“O governo vê a existência de um único aeroporto como uma solução mais adequada aos interesses estratégicos do país”, afirmou o Primeiro-Ministro Luís Montenegro em uma conferência de imprensa.
A escolha de Alcochete é um dos primeiros atos do seu novo governo minoritário de centro-direita, eleito há apenas dois meses. A decisão segue a crescente pressão da indústria do turismo do país, que representa 15% do PIB.
Um recente aumento no número de visitantes levou o atual Aeroporto Internacional Humberto Delgado, localizado a cerca de seis quilômetros do centro da cidade, à sua capacidade máxima.
No ano passado, o número de turistas estrangeiros hospedados em hotéis e alojamentos portugueses subiu para 18,3 milhões, 11% a mais do que os números pré-pandemia de 2019. Muitos desses turistas passaram pelo Aeroporto Humberto Delgado, que recebeu 33,6 milhões de passageiros aéreos em 2023, o dobro dos 18 milhões de uma década antes.
De acordo com os planos revelados na semana passada, o novo aeroporto, que será nomeado em homenagem ao poeta português do século XVI, Luís de Camões, aumentará a capacidade de passageiros de Lisboa, com espaço para crescimento adicional. Quando for inaugurado, previsto para 2034, o novo aeroporto terá duas pistas capazes de lidar com 90 a 95 movimentos de voo por hora. Mas até 2050, outras duas pistas adicionais poderão estar operacionais, elevando a capacidade de passageiros para 100 milhões anuais, três vezes a capacidade do LIS.
A expansão do aeroporto também estará alinhada com os planos da companhia aérea de bandeira TAP, que pretende operar entre 190 e 250 aeronaves até meados do século, em comparação com cerca de 100 atualmente.
O Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que o aeroporto custará até €9 bilhões (US$ 9,74 bilhões), uma conta que será coberta com fundos da UE, parcerias público-privadas e tarifas aeroportuárias, e não com o orçamento do estado.
O governo iniciará agora negociações com as partes interessadas, incluindo a operadora de aeroportos ANA. A empresa, uma subsidiária do grupo de construção francês Vinci, opera os principais aeroportos do país, incluindo Humberto Delgado e Porto (OPO), e já possui uma concessão para um novo aeroporto em Lisboa.
O governo também construirá uma terceira ponte sobre o Rio Tejo para acelerar a viagem de Lisboa para o aeroporto. Pinto Luz disse que o governo ainda não decidiu se a ponte será apenas para trens ou se também acomodará carros.
Enquanto isso, as renovações no Aeroporto Internacional Humberto Delgado aumentarão sua capacidade operacional de 38 movimentos de voo por hora para 45. O antigo aeroporto permanecerá operacional por alguns anos após a inauguração do novo aeroporto, fechando apenas quando seu sucessor atingir a capacidade máxima.