A ‘pesquisa orientada por curiosidade’ levou a uma grande inovação médica recente. Mas está sob ameaça, ET Healthworld

Brisbane: No início deste ano, surgiram notícias sobre médicos em Londres curando a cegueira em crianças com uma condição genética rara. A condição genética era uma forma grave, embora rara, de distrofia da retina. Causa comprometimento grave da visão e pode ser causado por defeitos em muitos genes diferentes.

Nesse caso, os quatro pacientes jovens tiveram mutações no gene que codifica AIPL1. Isso representa até 5 % dos bebês afetados por essa condição e não tem tratamento.

Neste estudo, publicado em The Lancet, uma equipe do Moorfields Eye Hospital e o University College London Institute of Ophtalmology injetaram uma nova cópia do gene AIPL1 em ​​um olho de cada paciente para substituir o defeituoso. As quatro crianças do estudo mostraram uma visão funcional aprimorada sem efeitos adversos graves.

A história desse incrível avanço começa na verdade há 132 anos. Ele destaca a importância da pesquisa feita não para nenhuma aplicação clara no mundo – apenas curiosidade. Mas em todo o mundo, esse tipo de pesquisa está ameaçado.

Entendendo o mundo – apenas por causa disso

A pesquisa orientada por curiosidade é exatamente o que parece: pesquisas impulsionadas pelo objetivo de entender a natureza sem levar em consideração a aplicação. Tem muitos aliases. “Pesquisa de céu azul”, “Discovery Science” e “Basic Science” são todos termos comumente usados ​​para descrever essa abordagem.

Esse tipo de pesquisa difere da “pesquisa direcionada à missão”, que se concentra principalmente em aplicações práticas e cujos objetivos são estabelecidos por governos e indústria.

A lógica por trás da pesquisa orientada pela curiosidade é que entender como as coisas funcionam inevitavelmente levarão a descobertas que alimentarão a inovação.

Historicamente, isso levou a descobertas transformacionais. Outro exemplo recente é o Prêmio Nobel de 2023 em fisiologia ou medicina, que foi concedido a Katalin Kariko e Drew Weissman para descobertas que permitiram o desenvolvimento de vacinas eficazes de mRNA contra a Covid.

O estudo recente no Lancet segue mais de um século de descobertas orientadas por curiosidade, culminando nessas quatro crianças que recebem suas injeções de mudança de vida.

Desenhando a estrutura da retina

O tipo de intervenção médica usada nesses pacientes é chamada de terapia genética.

Nesse caso, a causa da condição é um defeito em um único gene. Esse defeito leva ao mau funcionamento de uma proteína individual no olho necessária para a visão. A abordagem é essencialmente fornecer uma cópia de trabalho desse gene aos olhos, para restaurar a função. Isso requer não apenas a tecnologia para entregar a terapia, mas o conhecimento subjacente de como o AIPL1 funciona na visão normal.

Esse conhecimento remonta a 1893, quando o pioneiro da neurociência moderna, Santiago Ramon y Cajal, esboçou requintadamente a estrutura da retina – o tecido sensível à luz na parte de trás do olho.

Nos 132 anos seguintes, nosso conhecimento de como esse tecido converte a luz em um sinal elétrico para o nosso cérebro interpretar como a visão avançou significativamente. Agora entendemos muito sobre como isso funciona.

Esse conhecimento fundamental também significa que sabemos exatamente por que um gene AIPL1 disfuncional leva a um grave comprometimento da visão. Também nos permite prever que o fornecimento de uma versão de trabalho possa melhorar a visão. Armado com esse conhecimento, temos um problema de engenharia. Como temos uma cópia de trabalho nos olhos?

Nesse caso, a cópia de trabalho do AIPL1 foi entregue por um vírus adeno-associado, ou AAV. Estes foram descobertos pela primeira vez em meados da década de 1960 e, sem perceber seu potencial terapêutico, vários grupos de pesquisa se dedicaram a entender sua biologia.

Um AAV foi usado pela primeira vez em um paciente humano em 1995 para o tratamento da fibrose cística. Sem essa pesquisa orientada por curiosidade, eles não teriam sido desenvolvidos em uma plataforma de terapia genética. Foi assim que surgiram a maioria das terapias modernas.

Protegendo pesquisas orientadas por curiosidade

Esta é uma das centenas de terapias que adotam uma abordagem semelhante. Provavelmente veremos muito mais histórias como essa nas próximas décadas. Mas tenho certeza de que não veremos exemplos em que não entendamos a biologia subjacente.

A pesquisa orientada por curiosidade, focada em entender como a biologia funciona, é essencial para o desenvolvimento de terapias para tratar doenças humanas. A história dos avanços médicos nos mostra de vez em quando.

Os avanços acionados por curiosidade incluem a descoberta de raios-X, bem como a penicilina antibiótica. A descoberta do CRISPR/CAS9, uma antiga defesa bacteriana, permitiu a edição do DNA com precisão sem precedentes. Isso já levou a uma terapia aprovada pela FDA para tratar a doença das células falciformes.

A Austrália deu um soco acima do seu peso nesta arena por muitos anos. Mas esse não é mais o caso.

O financiamento do Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, nosso maior financiador de pesquisa médica, está caindo desde 2020. Mais amplamente, isso coincide com um declínio na proporção de pesquisas básicas sendo financiadas na Austrália e ameaçam diretamente nossa capacidade de inovação orientada por curiosidade.

Internacionalmente, esse forte foco na aplicação prática é repetida. Por exemplo, 83 % do programa de financiamento de 95,5 bilhões da União Europeia apóia pesquisas direcionadas à missão.

Na Austrália, e globalmente, devemos proteger pesquisas orientadas por curiosidade a todo custo e não subestimar a contribuição vital que fará para o nosso futuro.

  • Publicado em 4 de abril de 2025 às 11:47

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