Dezenas de milhares de pessoas em quase 30 cidades da Eslováquia protestaram na noite de sexta-feira para exigir a demissão do primeiro-ministro nacionalista de esquerda, Robert Fico.
Os organizadores disseram que 60 mil pessoas participaram da maior manifestação na capital, Bratislava, onde os participantes expressaram sua raiva pelo que consideram as políticas pró-Rússia do político populista.
“A Eslováquia pertence à Europa. Não queremos colaboração com a Rússia”, disse Marian Kulich, do grupo cívico Mier Ukrajine (Paz para a Ucrânia), que liderou os protestos.
Fico acusa os seus oponentes de espalharem falsidades sobre uma alegada mudança na política externa da Eslováquia em relação a Moscovo, a fim de desacreditar o seu governo.
“Este governo nunca tomará quaisquer medidas que possam pôr em dúvida a nossa adesão à União Europeia e à NATO”, disse ele na quinta-feira.
Mas Fico deixou de fornecer armas provenientes de stocks militares eslovacos à Ucrânia e critica frequentemente as sanções da UE. Ele acredita que as sanções estão a prejudicar a Eslováquia, que depende do gás e do petróleo russos, mais do que Moscovo.
A ira dos críticos intensificou-se no final de Dezembro, quando ele fez uma visita surpresa para ver o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo. A viagem também não foi bem recebida por Bruxelas e outros aliados da Ucrânia.
Fico disse que a viagem se concentrou no fornecimento de gás russo à Eslováquia. Ele também apresentou a ideia de que seu país poderia sediar conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Os manifestantes nas ruas na noite de sexta-feira também foram alimentados pela alegação de Fico esta semana de que os seus oponentes estavam a planear um golpe de estado, citando um relatório da agência de inteligência interna SIS.
Fico disse que a agência descobriu “estruturas com ligações a países estrangeiros e à oposição eslovaca”, que, segundo ele, querem provocar motins e ver edifícios governamentais ocupados.
A oposição acusou-o de tentar alimentar o pânico para desviar a atenção do fracasso das políticas do seu governo e melhorar a sua posição.