KINSHASA, Congo – Grupo proeminente de direitos humanos Anistia Internacional acusou o exército do Congo e um grupo rebelde de bombardear áreas densamente povoadas em ataques que “provavelmente constituem crimes de guerra”.
Tanto as forças armadas congolesas como o grupo rebelde M23 dispararam foguetes não guiados e outros explosivos contra áreas densamente povoadas no leste do Congo mais de 150 vezes entre Janeiro e Julho do ano passado, afirmou a Amnistia num relatório divulgado no domingo. Os ataques mataram mais de 100 civis e feriram outras centenas.
A Amnistia Internacional apelou ao Tribunal Penal Internacional para investigar os ataques como crimes de guerra.
“A escalada devastadora no uso de armas explosivas é um desenvolvimento novo e perigoso num conflito de três décadas já repleto de violações dos direitos humanos e do direito humanitário”, afirmou Agnès Callamard, Secretária-Geral da Amnistia Internacional.
O relatório do grupo de direitos humanos surge num momento de aumento dos combates entre o exército congolês e vários grupos rebeldes no leste do país.
Mais de 237 mil pessoas foram deslocadas pelos combates desde o início deste ano, informou a agência de refugiados das Nações Unidas num relatório divulgado na segunda-feira.
O M23 é um dos cerca de 100 grupos armados que têm disputado uma posição no leste do Congo rico em minerais perto da fronteira com o Ruanda, num conflito de décadas que criou uma das maiores crises humanitárias do mundo. Mais de 7 milhões de pessoas foram deslocadas.
O Congo e a ONU acusam o vizinho Ruanda de apoiar o M23. O Ruanda nega a afirmação, mas em Fevereiro admitiu que tem tropas e sistemas de mísseis no leste do Congo para salvaguardar a sua segurança, apontando para uma acumulação de forças congolesas perto da fronteira. Especialistas da ONU estimam há até 4.000 forças ruandesas no Congo.
O M23 tem feito avanços significativos no leste do Congo nas últimas semanas. Depois capturando a importante cidade mineira de Masisi na província de Kivu do Norte no início deste mês, os combates intensificaram-se em torno de Lumbishi, outra cidade estratégica na província vizinha de Kivu do Sul, durante o fim de semana.